Como evitar o surgimento de bolhas em lagoas com geomembrana
A palavra Whale, termo em inglês que significa baleia, vem sendo utilizada pela comunidade científica para denominar as enormes bolhas que surgem em meio ao líquido armazenado em uma lagoa de geomembrana.
Bolhas formadas em lagoa de geomembranas (1)
Segundo Attila Marta (1), a ocorrência de Whales não são incomuns e a incidência tem sido observada em diferentes tipos de geomembranas no mundo.
As lagoas nas quais a geomembrana possui furos são as mais suscetíveis à formação das whales, pois a percolação do lixiviado pelos furos promove seu contato com o solo e a consequente formação de gases no local (3).
Formação da bolha, conforme Wei Guo et al (2)
Devido à esta formação de gases, há um aumento de pressão sob a geomembrana que causa o seu descolamento (levantamento) em relação à base, como mostra a figura acima.
Com o levantamento da geomembrana, o lixiviado tende a entrar pelos furos da mesma e se acondicionar nesta interface, como mostra o diagrama ao lado publicado por Attila (1) .
Diagrama indicativo das bolhas (whales) formadas na geomembrana
O aumento da percolação de chorume acelera ainda mais a formação da bolha.
Apesar da formação de bolhas ser muito mais frequente quando acontece a percolação de lixiviado através dos furos da geomembrana. este tipo de fenômeno pode acontecer também pela presença de matéria orgânica no solo onde a geomembrana foi implantada.
SOLUÇÕES PARA EVITAR A FORMAÇÃO DE BOLHAS
Formação de bolhas em lagoa de chorume
Uma das soluções é incorporar sistemas de alívio da pressão de gás e remoção do lixiviado. Isso pode ser conseguido pela instalação de uma camada permeável abaixo da geomembrana, a qual deve ter capacidade para drenar o gás via vent.
Similarmente, um sistema de detecção e drenagem de lixiviado (por vezes chamados drenos testemunhos) deve ser instalado abaixo da geomembrana para mitigar a entrada de chorume e consequente perda de contato entre a geomembrana e o solo.
Outra solução seria a adoção de métodos geoelétricos para inspeção e localização de furos na geomembrana instalada na lagoa, quando há suspeita de furos. A inspeção é realizada com a utilização de uma sonda e o técnico examina a geomembrana submersa para localizar qualquer vazamento que ali possa existir. Este método pode ser realizado em instalações rasas ou profundas e com ele é possível localizar furos de até 1mm de diâmetro
Técnico realizando a inspeção da geomembrana, através de método geoelétrico
Além de permitir a identificação do furo e seu reparo, uma das grandes vantagens deste método é que não há a necessidade do esvaziamento da lagoa para que a inspeção seja realizada. Além disso, no caso de ter sido identificado um vazamento, o reservatório pode ser esvaziado e reparado sem a necessidade da substituição de toda geomembrana.
Considerando que a percolação do lixiviado através de furos na geomembrana sejam uma causa importante para a formação das Whales, o aumento do rigor dos procedimentos de garantia da qualidade da instalação da geomembrana são muito importante também para prevenir sua formação.
Bibliografia:
(1) https://www.linkedin.com/pulse/geomembrane-gmb-whales-case-study-attila-marta/
(2) Wei Guo, Jian Chu, Bo Zhou e Liqiang Sun. “Analysis of geomembrane whale due to liquid flow through composite liner”, Geotextiles and Geomembrane, Volume 44, capítulo 3, Junho 2016, pag 241-253.
(3) Ian Peggs. “Geomembrane liners in wastewater treatment ponds: whales and their prevention”, Land and Water Magazine, Volume 50, número 4, 2006.
(4) GRI paper #30 “In situ repair of geomembrane Bubbles, whales and hippos”, em 2014.
(5) GRI paper #33 “Under Drain design for geomembrane lined surface impoundments to avoid whales/hippos from accurring”, em 2015.