Métodos Geoelétricos Aplicados a Obras Geotécnicas e de Saneamento Ambiental – Requisitos da NBR 16.199/13
Segundo Giroud (2016), o número de furos encontrados ao final da instalação de uma geomembrana, tendo sido utilizados procedimentos para garantia da qualidade da instalação, varia tipicamente entre 1 e 5 por hectare.
De acordo com o mesmo documento, o número de furos causados pela colocação do solo de cobertura sobre a geomembrana, pode variar de alguns até 20 por hectare, dependendo dos cuidados tomados durante o processo de aplicação do solo sobre a geomembrana e o tipo de geomembrana de proteção utilizada. Estas informações, apresentadas por Giroud, foram obtidas a partir da aplicação dos métodos geoelétricos.
No Brasil, os requisitos normativos pata Instalação de geomembranas em obras geotécnicas e de saneamento ambiental, estão estabelecidos na NBR 16.199/2013. Esta norma define os requisitos a serem cumpridos por projetistas para a especificação e detalhamento dos projetos básicos e executivo da instalação de geomembranas termoplásticas utilizada como barreiras em obras geotécnicas e de proteção ambiental. Também estabelece procedimentos aos proprietários, gerenciadores e fiscalizadores de obras que utilizam geomembranas, assim como empresas que executam sua instalação, tendo a finalidade de assegurar a correta execução dos serviços e a qualidade da obra como um todo.
De acordo com essa norma, fica definido o “tipo de obra I” como sendo as obras nas quais falhas na barreira causam danos ambientais. E para este tipo de obra, a NBR 16.199 estabelece requisitos para verificação da estanqueidade global da obra, os quais envolvem: ensaios não destrutivos, ensaios destrutivos e outros ensaios (item 10.3 da norma). Segundo este item 10.3, “dependendo da responsabilidade da obra, podem ser efetuados outros ensaios, como, por exemplo:”
a) Lâmina d’água ou enchimento parcial do reservatório;
b) Ensaios geoelétricos de detecção de vazamentos.
Embora os Ensaios Geoelétricos estejam citados na NBR 16.199, a metodologia para a sua execução não está definida em normas brasileiras. Entretanto, tais métodos já estão consolidados em normas ASTM, como é o caso da ASTM 6747 (Standard Guide for Selection of Techniques for Electrical leak location) e ASTM D7007 (Electrical Methods for Locating Leaks in Geomembranes Covered with water or Earthen Materials).
A adoção dos métodos geoelétricos no Brasil ainda é muito restrita, porém, nos EUA é grande seu emprego em obras de instalação de Aterros Sanitários e em Mineradoras, tendo em vista suas possibilidades de identificação de furos após aplicação do solo de cobertura. Obras e mineração no Chile, Peru e Argentina já adotam este tipo de método com frequência (Zidan et al, 2019).
Cabe aos projetistas e proprietários de empreendimentos de obras do tipo I, avaliarem se os riscos envolvidos por uma futura contaminação ambiental justificam a inclusão dos métodos geoelétricos como requisito adicional aos já contemplados nos Planos de Garantia da Qualidade da Obra.
Bibliografia:
ASTM D 7007 (2016). Standard Practice for Electrical Methods for Locating Leaks in Geomembranes Covered with Water or Earth Materials, American Society for Testing and Materials, West Conshohocken, Pennsylvania, USA.
ASTM International D 6747 (2015). Standard Guide for Selection of Techniques for Electrical Leak Location of Leaks in Geomembranes, American Society for Testing and Materials, West Conshohocken, Pennsylvania, USA.
Giroud, J. P. (2016). “Leakage Control Using Geomembrane Linner”, Solo e Rocha vol. 39 n. 3, São Paulo, Brasil – p.213-235.
Zidan, P., Frigo, L., Kemnitz, M. e Leal, L. (2019). “Detecção de Vazamentos em Geomembranas – Aplicação dos Métodos Geoelétricos na Indústria de Mineração”, IX Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental, Agosto-2019.
Este texto foi publicado originalmente por Priscila Zidan em sua página do Linkedin